sexta-feira, 28 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Meu amor,
Acordei a pensar nesta carta – uma tarefa sistémica que, dizem, faz-nos sentir como afortunados com a vida: a Carta de Gratidão – e talvez com a culpa atrás do meu cérebro comecei a pensar a quem escrever. Nos últimos meses as minhas cartas não têm sido propriamente de gratidão, até aquelas que te tenho escrito, mas de libertação e de imposição de limites ou de desculpas, mas eu própria estou muito grata a mim mesma por isso ter acontecido e pelo teu apoio em todo o processo. Pensei em quase toda a família, e até em amigos, mas rapidamente não tive dúvidas que a única pessoa a quem me apetecia realmente agradecer és tu... sem culpas por trás.
Nem sei por onde iniciar. Mesmo sem seres igual a mim, temos muitas pontes de contacto e considero a nossa relação suficientemente flexível para se tornar desafiante e duradoura. Admiro-te pelo homem que és: sensível e forte, e considero essa conjugação uma obra de arte. Adoro poder trabalhar em equipa, e por tu me fazeres notar quando me estou a desviar da colaboração contigo. Agradeço-te eternamente por isso, pois, apesar dos hábitos de batalha e domínio que trago comigo, pretendo fazer diferente o resto da minha vida, e só utilizar as minha capacidades bárbaras em caso de emergência. Penso que isso fará melhor ao meu coração.
Como gostas que seja concreta e não que veja em ti abstrações – apesar de o facto de ver esses símbolos em ti ser uma façanha que se deve ao teu próprio eu em conjugação com o meu – vou tentar discriminar o que agradeço em ti, as características da tua forma de ser que me trazem paz à minha vida.
A tua calma, mesmo que a consideres aparente, a verdade é que tem-na em muito mais quantidade do que outros que tentaram ser meus íntimos e isso torna-me, complementarmente, uma pessoa mais ponderada. Obrigada por isso. O tempo, a disponibilidade e o silêncio permitem-me amadurecer, ao contrário da emergência constante que só me fez sobreviver.
O facto de ponderares cada decisão como se fosse a última da tua vida, quer seja uma mudança de emprego quer seja um telefonema a uma instituição qualquer, permite-me sentir como a vida é importante e como estamos em cada instante a modificá-la e não simplesmente a fugir em direcção ao infinito, devido ao medo de morrer, sem ter sentido alguma estabilidade de experiência.
Quando me pedes toda a minha atenção disponível para te escutar apoias-me no desenvolvimento da minha capacidade de autenticidade, ao invés de uma superficial abertura e espontaneidade que se baseia mais na impulsividade que na boa economia de forças.
Poderia continuar infinitamente, pois como já te disse és deveres diferente das pessoas por onde já me experimentei, e por isso me tornas uma outra pessoa, com pele transparente por ser feliz.
No entanto, gostaria de agradecer particularmente pela paciência que comigo tens no amor físico, e de novo a tua flexibilidade, pois começaste a dançar, a cantar e a ler comigo e para mim, e isso fez-me sentir com intensidade e realidade, mais do que simplesmente treinar a sensualidade pela sensualidade. Por vezes, o caminho para uma determinada expressão de amor é passar por outras e tu fazes isso na perfeição e esperas até a flor despontar na estação certa.
Com muito carinho
Hoje queria conseguir escrever a uma criança. A uma criança de olhar triste.
Este menino de 12 anos a quem gostaria de escrever vive mesmo em frente à minha casa. Já não o via há alguns (muitos) anos.
Em volta da casa, de jardins longos, construiram muros altos que cercam o seu interior. Não brinca na rua, como os outros meninos da sua idade. A rua até é calma e não circulam muitos carros, mas anda num colégio, estuda piano e só chega a casa já pela noitinha. A mãe pára o carro, abre o portão com o comando e do lado de cá fica apenas o betão em redor da casa. Às vezes reparo que o pai o vem buscar aos fins-de-semana.
A última vez que me lembro de o ver foi até nas Piscinas Municipais. Estava lá com os amiguinhos do infantário. Deveria ter 5 para 6 anos. Lembro-me de chegar a casa e dizer à minha mãe que o tinha visto e que tinha ficado sensibilizada com o seu olhar. Vi um olhar tão intenso. Tão imenso. Triste! A minha mãe diz-me que os seus pais se estavam a divorciar.
Hoje inusitadamente, a propósito de um acidente aqui na rua, encontro a mãe e o menino que se trazem pela mão. Penso que a mãe deve estar de folga do Hospital e o menino de férias escolares. A mãe vem falar comigo.
Cumprimento-a quando passamos de carro uma pela outra aqui na rua. Lembro-me de ser miúda e ela já andar na Faculdade. De ouvir dizer como era aplicada. Que estudava horas a fio e iria ser médica. Mas nunca tinha falado com ela. Pelo menos que me lembre. E eu iria lembrar-me se tivesse falado.
Ela vem falar comigo. Sabe coisas sobre mim. Sei que às vezes encontra a minha mãe na rua e falam. O menino corre para lá do portão. Tem um amiguinho para brincar. Não é de cá da rua.
Não sei como, mas a conversa com a mãe começa a desenrolar-se com enorme fluidez e empatia. Penso que a mãe precisa desperadamente de falar. Começa a falar dos filhos. Existe um outro menino que só conheci quando era bebé. Diz-me que este "é diferente". Diz-me que por vezes nem sabe como lidar com a sua "sensibilidade", com a sua "maturidade". Fala do divórcio. Como toda essa experiência o afectou e ainda afecta. Mas diz que "sempre teve um olhar triste", mesmo "antes até". A criança volta ao encontro da mãe e traz o seu olhar triste. Sorrindo, pulando, o seu olhar triste volta de encontro ao amigo. A mãe vai relatando episódios que me vão enregelando por dentro. Que quando o seu menino tinha 10 anos se abeirou de si e lhe disse: "não sei porque é que as pessoas nos magoam, nos humilham. Não percebem que nos fazem sentir tristes?" Ainda por cima está uma tarde fria!
Volto a casa e penso que a tristeza existe nos olhos deste menino. Que não deixará nunca de existir. Que tristeza não tem que ser sinónimo de infelicidade. Que a tristeza não tem que ser uma condição, mas que às vezes é uma coisa muito fundamental. Que acontece a todos nós estarmos tristes porque a vida nos aflige, porque perdemos a rota de nós, porque às vezes é até mais cómodo, mas há alguns de nós que são tristes.
E hoje queria conseguir escrever, dizer não sei o quê...
terça-feira, 25 de março de 2008
All we have is now
All we've ever had is now
All we have is now
All we've ever had is now.
Carmen,
Tenho pensado tanto em ti ultimamente. Acordo e ouço esta música que me mostraste, All we have is now dos The Flaming Lips.
Sempre foram muito especiais para mim esses momentos. Em que chegavas a mim, dizendo: "trouxe este cd para ouvires"; "tenho este livro para leres". Mesmo antes de ler ou ouvir, sentia estas aproximações como uma entrega tão forte, que já adivinhava o seu efeito em mim. Sabia que tudo o que me davas, tudo o que me dizias, tinha uma direccionalidade muito marcada, que te vinha de dentro, porque tudo te vem de dentro. Porque és a pessoa que vive mais perto de si mesma que eu conheço. E sei que foi à custa de muita turbulência que conquistaste esta paz de viveres tão intensamente contigo.
Sempre me emocionaste. Verdadeiramente, pela verdade de ti. Mas havia dias em que não conseguia, em que não podia. E tu sempre soubeste isso. Sei que houve algumas coisas que nunca me disseste, não por falta de confiança, ou entrega, mas porque sabias que despertavas também em mim, a vertigem, o precipício. E por isso em determinados momentos tivemos que estar longe uma da outra. Não era a idade que nos afastava. Tinhas apenas mais cinco anos do que eu. Era o tanto, tão intensamente, que tinhas vivido.
Trabalhávamos juntas e quase que rio à gargalhada a lembrar aqueles dias cinzentos em que chegavas com o teu peso de ser, a dizer excessesivamente de ti e de tudo. Com a tua vontade de incendiar o mundo, a começar pelas pessoas à tua volta. Por vezes eras existencialmente insuportável. Havia alturas em que te odiava para logo me apaixonar novamente por ti. E despertavas tanta coisa em mim. Isso tornou-se um vício para as duas. Lembro-me das nossas discussões. O que para ti era um registo mais que normal, afectuoso, até. Dizias que só discutias com as pessoas às quais permitias entrar na tua vida. Já não discutias apenas por discutir. Eu conseguia dizer muito pouco. Ficava aterrorizada pela tua capacidade de discutir. Ainda assim nunca mergulhámos na loucura, que sempre te fora tão familiar. Sempre foste tão lúcida na relação comigo.
Penso na intensidade com que dizias o sexo, o corpo e o prazer. Como dizias a luta política e os valores que mantinhas intactos desde a adolescência. Como fumavas os teus cigarros e te revoltavas quando diziam que não podias fumar. Os palavrões. A linguagem que usavas desmedida.
Mas tu sabes que o que sempre mais me tocou foi a forma como amavas. Como aí sim, eras frágil sem te esforçares em contrário. Tão intensa e tão certa de tudo o que é essencial. Como me marcou esta frase que um dia me disseste: "Eu tenho-o a ele e à minha filha. Não preciso de mais nada". Porque eu sei que não precisas mesmo de mais nada. E é essa verdade que guardo de ti.
Já não estamos juntas há algum tempo. Mas eu sei que poucas pessoas alguma vez deixaram(ão) esta marca indelével em mim. Que me colocaram(ão) tanta vez perante mim mesma, perante a certeza de que............
All we have is now
All we've ever had is now
All we have is now
All we've ever had is now.
All we've ever had is now
All we have is now
All we've ever had is now.
sábado, 22 de março de 2008
Gente. Muita. Todo o Mundo aqui.
Gente que canta na rua, que fala com quem não conseguimos ver. Gente a correr, sempre e cada vez mais. Gente que entra e sai dos sítios onde se come com ritmo de maratonista. Os ténis estão lá, a meta também.
Mais gente, ainda mais rápido, mais, mais e ainda mais.
Gente sem calma para perder tempo a explicar o que se não percebeu à primeira.
Gente que mantém a todo o custo a cara que diz aos outros que está tudo bem. Todos sabem que não está.
Gente com um entusiasmo podre na voz. Usam-na para emitir mais sinais aos do outro lado para que não se preocupem.
Gente que, por vezes, suscita algum interesse. Não saber o que fazer com isso. E sempre a voz, lá atrás, a garantir que está tudo bem. Não ter a certeza absoluta disso.
Fazer um esforço para que os olhos não descaiam, para que não digam "se calhar não está tudo bem.." Manter a postura. Corrigi-la um milhão de vezes. Uma mais ainda. Hesitar entre o desleixado e o rígido repelente de contacto.
Com a cara a mesma coisa.Tentar perceber com que expressão estamos. Oscilar entre o fácil e o demasiado disponível e o ausente e o inalcansável. Cansaço. Tentar percer tudo isto nos outros. Alívio. Não muito.
Querer o meu canto. Ser arrancado de lá com um "Então? Não falas? O silêncio como coisa má. O objectivo é exterminá-lo.
Muitos filmes na cabeça. Falta o abraço do sofá de sempre e o comando para mudar de canal ou desligar.
Gente.
Muita.
Gente que canta na rua, que fala com quem não conseguimos ver. Gente a correr, sempre e cada vez mais. Gente que entra e sai dos sítios onde se come com ritmo de maratonista. Os ténis estão lá, a meta também.
Mais gente, ainda mais rápido, mais, mais e ainda mais.
Gente sem calma para perder tempo a explicar o que se não percebeu à primeira.
Gente que mantém a todo o custo a cara que diz aos outros que está tudo bem. Todos sabem que não está.
Gente com um entusiasmo podre na voz. Usam-na para emitir mais sinais aos do outro lado para que não se preocupem.
Gente que, por vezes, suscita algum interesse. Não saber o que fazer com isso. E sempre a voz, lá atrás, a garantir que está tudo bem. Não ter a certeza absoluta disso.
Fazer um esforço para que os olhos não descaiam, para que não digam "se calhar não está tudo bem.." Manter a postura. Corrigi-la um milhão de vezes. Uma mais ainda. Hesitar entre o desleixado e o rígido repelente de contacto.
Com a cara a mesma coisa.Tentar perceber com que expressão estamos. Oscilar entre o fácil e o demasiado disponível e o ausente e o inalcansável. Cansaço. Tentar percer tudo isto nos outros. Alívio. Não muito.
Querer o meu canto. Ser arrancado de lá com um "Então? Não falas? O silêncio como coisa má. O objectivo é exterminá-lo.
Muitos filmes na cabeça. Falta o abraço do sofá de sempre e o comando para mudar de canal ou desligar.
Gente.
Muita.
terça-feira, 18 de março de 2008
INconclusão num teste de filosofia à pergunta: Para ti, o que é a Arte?
Ao vestido branco ao vento da Marilyn Monroe
aos pés descalços da Cesária
a um passeio pelo museu do Louvre,
à cachupa da minha tia
a cena do DiCaprio de braços abertos na popa do Titanic
aos muitos dribles de Messi
a uma manga verde lavada no mar
aos namoros de Neruda
à vista dum avião por cima das nuvens,
a Van Gogh
às crises existenciais do meu irmão adolescente,
às penas dos índios americanos
a Shubert depois de um charro deitada no chão da sala
à queda do muro de Berlim
à “minina bu sta bunita” de Tcheka
ao episódio 348 do “Tom & Jerry Show”
à Praia Grande numa segunda-feira de sol em que estás com a perna engessada,
ao sorriso perdido da Mona lisa,
à colecção de Jean-Paul Gaultier primavera-verão 1998,
aos balaios de fruta da rua da Praia,
aos balaios de fatiota da Praça Nova,
ao Jaguar XJ 1968 preto de estofos beges e jantes cromadas de 17 polegadas
as palavras de Cristo
às piadinhas ridas horas a fio no Corsa do Johnnyboy no miradouro 1
aos cometas, satélites e estrelas no teu céu,
a frase “I have a dream!” de Martin Luther King
aos recantos do Mundo onde não há Coca-Cola
aos recantos onde há…
Às muitas ilhas fantásticas do Germano
Às gueixas com batom vermelho sobre porcelana
À “Imagine” do Lennon
Ao cuscuz com mel de cana e queijo de terra regado a chá de belgata
Ao trotear de Fred Astaire
Ao idealismo de Cabral
Aos morangos frescos cobertos com molho chocolate quente
Ao cruzar de pernas da Sharon Stone no Instinto Fatal,
À operação ao cancro
À mestria de Roger Federer
À melancolia e màgoa de Callas
A sumo de laranja acabadinho de espremer numa manhã de ressaca…
Ao genialismo de Da Vinci
Às suzudas com sucrinha,
Ao Sinatra a cantar a “My Way”
Às catadoras de Chá nas montanhas do Sri-Lanka
Aos spots publicitários
Ao evangelho de Judas
Aos “Cem Anos de Solidão” de Garcia Marquez
Ao colà de Sanjon e aos rosários com papel vermelho que ta pintá bico,
Às Lisboas de Pessoa, e nos Pessoas das ruas de Lisboa,
Aos penteados do Yannick Djaló
Ao beijo final do “E tudo o vento levou…”
A flores zuccini recheadas com queijo mozzarela,
Ao Surrealismo e ao perfume de Dalí
Às piadas do meu colega de carteira Ivan,
À irredutibilidade de Quixote de la Mancha
às putas da marginal de mini-saias vermelhas e cinto dourado ou prateado de 300 escudos na Pam Pam Mista China igualzinho ao meu,
Ao auto-retrato de Frida Khalo,
A um Alabastro ,reserva 1998 tinto a 27,5º
na “Garota do Ipanema” de Jobim
ao escovar de cabelos da tua mãe,
Às loiras, ruivas e morenas na Playboy
aos textos da Queen Frog e da Cristal de Fogo
ao telemóvel Razor V3 da Motorola
aos comentários
ao papel higiénico preto ou com riscas de arco-íris
às mornas de B.Leza
aos saltos do Spiderman 3
ao sorriso desamparado do teu filho,
à dança do ventre,
ao IPod
ao beijo na testa do teu irmão
ao desespero de uma viúva agarrada ao caixão
ao sorriso do Al Pacino no Godfather II
ao vontade indómita.blogspot
Aos U2 no primeiro e não neste ultimo CD,
ao teu cão,
à caca do teu cão,
ás formas dos carros,
aos chips
papagaios de papel
garfos
Á musicalidade única de Orlando Pantera
os rabiscos que fazes num papelinho enquanto falas ao telefone
Às avenidas e ruas de Nova Iorque a passar por Nova Deli e desaguar nos mercados de Dakar
Ao amor e cumplicidade dos meus avós
Aos Chupa-chupas,
Ao bêbado que pede moedas à própria sombra,
Às imagens que nos trouxe Costeau do fundo do mar…
A andar de bicicleta de braços abertos e de olhos fechados
nos livros
cadeiras
na ecografia em que finalmente vês os pés, os dedos e o bater do coração do teu filho,
a casas,
Arvores,
ruas,
talheres,
nuvens,
peixes,
sapatos
borboletas,
guarda-chuva…………….. (ou guarda-sol?)
moscas mortas ao pé da janela,
ao doce de leite da tua avó…Arte.
Arte.
A cada respiro, a cada segundo desta criação, permanentemente Arte.Arte da Experiência Humana , e sensibilidade desta, na interligação e interacção de experiências humanas vividas ou testemunhadas por todos nós.Arte de tudo que nos rodeia, e que em nós desperta sentimentos, reacções, estas mesmas Arte da mesma forma.
Arte é tudo, e tudo é Arte.
Arte da sobrevivência humana, Arte como criação e transformação constante,
Arte sublime,
Arte banal,
Arte bela,
feia,
incisiva,
perfumada,
chata,
intrigante,
obsessiva,
compulsiva,
irritante,
abstracta,
perdida,
pretensiosa,
alegre,
tendenciosa,
arrogante,
cansada,
excitante,
colorida,
ambígua,
mas nunca,
nunca,
NUNCA INDIFERENTE.
aos pés descalços da Cesária
a um passeio pelo museu do Louvre,
à cachupa da minha tia
a cena do DiCaprio de braços abertos na popa do Titanic
aos muitos dribles de Messi
a uma manga verde lavada no mar
aos namoros de Neruda
à vista dum avião por cima das nuvens,
a Van Gogh
às crises existenciais do meu irmão adolescente,
às penas dos índios americanos
a Shubert depois de um charro deitada no chão da sala
à queda do muro de Berlim
à “minina bu sta bunita” de Tcheka
ao episódio 348 do “Tom & Jerry Show”
à Praia Grande numa segunda-feira de sol em que estás com a perna engessada,
ao sorriso perdido da Mona lisa,
à colecção de Jean-Paul Gaultier primavera-verão 1998,
aos balaios de fruta da rua da Praia,
aos balaios de fatiota da Praça Nova,
ao Jaguar XJ 1968 preto de estofos beges e jantes cromadas de 17 polegadas
as palavras de Cristo
às piadinhas ridas horas a fio no Corsa do Johnnyboy no miradouro 1
aos cometas, satélites e estrelas no teu céu,
a frase “I have a dream!” de Martin Luther King
aos recantos do Mundo onde não há Coca-Cola
aos recantos onde há…
Às muitas ilhas fantásticas do Germano
Às gueixas com batom vermelho sobre porcelana
À “Imagine” do Lennon
Ao cuscuz com mel de cana e queijo de terra regado a chá de belgata
Ao trotear de Fred Astaire
Ao idealismo de Cabral
Aos morangos frescos cobertos com molho chocolate quente
Ao cruzar de pernas da Sharon Stone no Instinto Fatal,
À operação ao cancro
À mestria de Roger Federer
À melancolia e màgoa de Callas
A sumo de laranja acabadinho de espremer numa manhã de ressaca…
Ao genialismo de Da Vinci
Às suzudas com sucrinha,
Ao Sinatra a cantar a “My Way”
Às catadoras de Chá nas montanhas do Sri-Lanka
Aos spots publicitários
Ao evangelho de Judas
Aos “Cem Anos de Solidão” de Garcia Marquez
Ao colà de Sanjon e aos rosários com papel vermelho que ta pintá bico,
Às Lisboas de Pessoa, e nos Pessoas das ruas de Lisboa,
Aos penteados do Yannick Djaló
Ao beijo final do “E tudo o vento levou…”
A flores zuccini recheadas com queijo mozzarela,
Ao Surrealismo e ao perfume de Dalí
Às piadas do meu colega de carteira Ivan,
À irredutibilidade de Quixote de la Mancha
às putas da marginal de mini-saias vermelhas e cinto dourado ou prateado de 300 escudos na Pam Pam Mista China igualzinho ao meu,
Ao auto-retrato de Frida Khalo,
A um Alabastro ,reserva 1998 tinto a 27,5º
na “Garota do Ipanema” de Jobim
ao escovar de cabelos da tua mãe,
Às loiras, ruivas e morenas na Playboy
aos textos da Queen Frog e da Cristal de Fogo
ao telemóvel Razor V3 da Motorola
aos comentários
ao papel higiénico preto ou com riscas de arco-íris
às mornas de B.Leza
aos saltos do Spiderman 3
ao sorriso desamparado do teu filho,
à dança do ventre,
ao IPod
ao beijo na testa do teu irmão
ao desespero de uma viúva agarrada ao caixão
ao sorriso do Al Pacino no Godfather II
ao vontade indómita.blogspot
Aos U2 no primeiro e não neste ultimo CD,
ao teu cão,
à caca do teu cão,
ás formas dos carros,
aos chips
papagaios de papel
garfos
Á musicalidade única de Orlando Pantera
os rabiscos que fazes num papelinho enquanto falas ao telefone
Às avenidas e ruas de Nova Iorque a passar por Nova Deli e desaguar nos mercados de Dakar
Ao amor e cumplicidade dos meus avós
Aos Chupa-chupas,
Ao bêbado que pede moedas à própria sombra,
Às imagens que nos trouxe Costeau do fundo do mar…
A andar de bicicleta de braços abertos e de olhos fechados
nos livros
cadeiras
na ecografia em que finalmente vês os pés, os dedos e o bater do coração do teu filho,
a casas,
Arvores,
ruas,
talheres,
nuvens,
peixes,
sapatos
borboletas,
guarda-chuva…………….. (ou guarda-sol?)
moscas mortas ao pé da janela,
ao doce de leite da tua avó…Arte.
Arte.
A cada respiro, a cada segundo desta criação, permanentemente Arte.Arte da Experiência Humana , e sensibilidade desta, na interligação e interacção de experiências humanas vividas ou testemunhadas por todos nós.Arte de tudo que nos rodeia, e que em nós desperta sentimentos, reacções, estas mesmas Arte da mesma forma.
Arte é tudo, e tudo é Arte.
Arte da sobrevivência humana, Arte como criação e transformação constante,
Arte sublime,
Arte banal,
Arte bela,
feia,
incisiva,
perfumada,
chata,
intrigante,
obsessiva,
compulsiva,
irritante,
abstracta,
perdida,
pretensiosa,
alegre,
tendenciosa,
arrogante,
cansada,
excitante,
colorida,
ambígua,
mas nunca,
nunca,
NUNCA INDIFERENTE.
segunda-feira, 17 de março de 2008
You´re leaving on a jetplane..don´t know if you´ll be back again...
Johnnyboy do meu coração
Fui passar o fim de semana a um vale recôndito
esquecido e quase perdido no meio das mil montanhas
da ilha de Santo Antão...
Se para mim é algo de longe...imagino que para ti ainda seja mais...
Pensei tanto tanto tanto no meu Xunga que nem sabes.
Start spreading the news....
That you´ll be very happy in NY...
And i´ll certainly visit you there...
And I´ll find you happier and very successfull...
Johnnyboy my love
You´ll be just fine.
Blow kisses down Boadway for me.
Go for dinner at Giorgionne, on Spring with Greenwich on Tribeca.
Go get some weed on 148st with 7th Av...Harlem rules!
Go see decadent movie stars at APT...14 and 9th...lembras-te daquela vez?
Go for a walk on Park Slope Garden in Brooklyn
and visit Dona Rosa in Astoria-Queens
Have a bruch at Brasserie Maison on 53rd with Broadway...
dont forget the Bloddy Mary
scrambled eggs with pepper
bagel with cream cheese and a pack of american eagles...
E quando for eu a te visitar, terás milhares de novidades...you´ll be just fine.
beijos meu amor, boa viagem.
Fui passar o fim de semana a um vale recôndito
esquecido e quase perdido no meio das mil montanhas
da ilha de Santo Antão...
Se para mim é algo de longe...imagino que para ti ainda seja mais...
Pensei tanto tanto tanto no meu Xunga que nem sabes.
Start spreading the news....
That you´ll be very happy in NY...
And i´ll certainly visit you there...
And I´ll find you happier and very successfull...
Johnnyboy my love
You´ll be just fine.
Blow kisses down Boadway for me.
Go for dinner at Giorgionne, on Spring with Greenwich on Tribeca.
Go get some weed on 148st with 7th Av...Harlem rules!
Go see decadent movie stars at APT...14 and 9th...lembras-te daquela vez?
Go for a walk on Park Slope Garden in Brooklyn
and visit Dona Rosa in Astoria-Queens
Have a bruch at Brasserie Maison on 53rd with Broadway...
dont forget the Bloddy Mary
scrambled eggs with pepper
bagel with cream cheese and a pack of american eagles...
E quando for eu a te visitar, terás milhares de novidades...you´ll be just fine.
beijos meu amor, boa viagem.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Não saber quando regresso ou mesmo sequer se regresso faz com que, por estes dias, a dificuldade resida em conseguir que cada momento não resvale para qualquer coisa de mais emocionante, porque mais definitivo (pelo menos visto do lado de cá ainda sem ter partido). Um simples café afinal é uma festa. Só o acto de pedir um cafézinho sabe tão bem. Tenho já saudades de uma língua que daqui a uns dias ficará para um segundo plano.
quarta-feira, 12 de março de 2008
domingo, 9 de março de 2008
domingo, 2 de março de 2008
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