quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

Nada como entrar no ano novo sentindo-me miseràvel
è a confirmaçao maxima que quer queira, quer nao
o proximo ano serà melhor.
pior tambem nao fica.

"nascida em todos os sitios
onde o sol esqueceu-se de bater
hoje sou a mais triste das mulheres."

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Da crueldade absoluta da lucidez de um dia limpo e estéril.

E quando falar cansa mais que interessa?
E quando se procura um refúgio que não há para um olhar que se desvia?
E quando se investe para que o ar saia formando sons e não se sabe se o fôlego chegará até ao fim?
E quando tem de se provar que se está bem, mantendo um entusiasmo na voz que não nos pertence?
E quando tudo o que se tem não basta nem mesmo quando se pensa que tanta gente daria tudo para tê-lo?
E quando as coisas simplesmente não nos interessam por mais interessantes que sejam, por mais que se abram os olhos e se incline o corpo como que a dizer "sim, estou mesmo aqui, estou mesmo interessado no que me contas"?
E quando a insatisfação é uma coisa que se agarra? Quando é quase mais um braço?
E quando o sangue percorre caminhos que sabe de cor e na escuridão dos momentos acumulados pára exactamente onde se sabia que pararia e se transforma em tudo o que não se quer pensar?
E quando se sente que nos sentem diferentes e se faz um esforço para que seja para melhor?
E quando já não se sabe mais o que será melhor?
E quando erros que já pensávamos ultrapassados nos acenam do fundo da sala e se finge não se ter reparado?
E quando já nem é tristeza que se identifica mas resignação?

E quando se fazem as coisas na esperança de voltar a sentir o que já uma vez se sentiu e o resultado é uma cópia já muito gasta daquilo que já uma vez foi?
E quando se duvida sobre se alguém alguma vez fará as perguntas certas?
E quando se contam mais uma vez as mesmas estórias evitando-se assim surpresas?
E quando se faz o que sempre se quis e ainda não é bem aquilo?
E quando até o ar nos queima?
E quando é preciso arrumar a cara para que corresponda ao que se acabou de saber?
E quando o cansaço provocado por tudo isto já é muito pouco suportável?
E quando os outros são paredes onde se esbarra quando se tenta agarrar qualquer coisa mais dentro?