segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Amada Rapunzel de tranças ausentes,

Escrevo aqui sobre o meu amor por ti porque não estou certa que estejas livre e não quero trazer-te prejuízo ao teu gentil e fiel coração.

Admiro-te como és: correcta, delicada mas também convicta. Ultrapassaste as minhas gargalhadas e derreteste a máscara social, fizeste o meu pensamento parar e foste mel que entrou invisivelmente em cada tecido meu.

Inspiras-me a cada dia. Estou mais feliz, mais confiante, mais descontraída, mais eu. Seres tu, fez-me poder ser eu mesma sem segunda e terceira peles. Só uma: já não preciso ser meia.

De ti tenho o sorriso e o negro dos olhos, as mãos trabalhadas pela expressão dos sentimentos, as pernas como cauda de sereia vulnerável quando fora do seu elemento. Somos uma. Consegues senti-lo? Ou estarei num delírio? Espero bem que não mas agradeço-te de antemão.



O teu príncipe de olhos magoados esperando as tuas lágrimas milagrosas

Jo


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Querida Madame,

Gostei de ti à primeira vista. Leve, livre, compreensiva, aérea e enraizada, fluída e simpática. Imaginei uma amizade aqui nesta nova terra. E dizes que sim que somos pessoas por quem nutres carinho.

Diz o ditado que "amigos, amigos negócios à parte" e deve ser mesmo um bom conselho pois deste que tivemos intenção de fazer algo mais profissional em conjunto algo que nos pareceu unir, na expectativa, nos tornou mais frios no fracasso de uma não-resposta. Sinto uma competição que não me faz sentido corresponder. Na verdade, sinto vontade de fazer uma triagem e separar as águas: enviar o que se sintoniza contigo e trazer a mim o que se integrará naturalmente comigo.

A última irritação foi saber que um grupo do qual já tinha conhecimento te encontrou. A nós nem uma palavra e contigo tudo parece fluir no sentido de uma verdadeira escola de artes ancestrais. Decidi afastar-me pois imaginava algo mais complementar onde todos ganharíamos. Recuso-me a entrar em competição. Se não conseguimos uma integração ajudarei numa boa triagem: uma para ti, outro para mim, bem-me-quer-mal-me-quer. Não é nisto que acredito mas se a união não é possível para já, fiquemos na dualidade mas conscientemente que a estamos a manter, mesmo que pensemos ter outros valores.

Estou aqui quando quisermos todos que seja de outra forma. Quando o combustível fóssil se esgotar e todas as alternativas forem totalmente necessárias simultaneamente para viver. Estou aqui quando todos formos necessários na orquestra, quando não existirem os de nome e os órfãos.

Fico exactamente onde estou: no meu lugar, aquele que me pertence, pertenceu e pertencerá.

Todos somos necessários, nem mais nem menos.

A única verdadeira realidade é a cooperação. É ela que vai transformar este mundo. É o elemento que falta manifestar e é o ser humano que o pode realizar.

Fico à espera. Calmamente.

Não me mexo noutro sentido.

Sei que não vou por aí!

A tua,

Madame cá de cima

terça-feira, 29 de julho de 2014

Cara Romana,

A guerra começa entre cada um de nós antes de se tornar mundial. Relaciona-se com recursos e necessidades humanas antes de se tornar nacionalismo e capitalismo. Penso que a nossa história se explica assim.

Desde que te conheci que vi em ti um encanto melancólico. Penso que me apaixonei por ti e pensei que também gostasses de mim. Gostava dos teus carinhos, dos teus presentes sempre oportunos e de alguém que parecia conhecer a minha alma, da tua escuta e das tuas palavras de admiração. Não escutei a minha voz interior quando um dia te convidei para escutares uma canção que tínhamos acabado de criar, e um grito e um nó se formaram na minha garganta. Pensei sempre que era eu que era envergonhada. Que os bons amigos são exactamente com quem devemos partilhar tesouros. Tapei a cara e passou.

Noutra ocasião começaste a admirar o meu companheiro depois de te mostrar a sua face mais feliz. Sentiste amor e tiveste vontade de te unir a nós, mas nunca mo disseste e assim ficou. Ele disse-me que lhe tinhas feito menção a um qualquer acto amoroso entre três mas a mim nada foi dito.

Passado uns meses confrontei-te, negaste: não me lembro nada disso... deve ter sido um momento. Um momento que naqueles tempos talvez tenha estragado a minha vida. O gérmen da dúvida, o gérmen da dispersão, e da desconfiança. Perdoei-te. Não chegaste a fazer nada. E o meu relacionamento terminou melancólico, dorido, quase sem vida.

Esqueci-me: voltei a procurar-te para falar das tristezas e alegrias e caminharmos juntas, comermos juntas, estar juntas num sentimento cálido, fraterno.

E sempre gostava de estar ao teu lado.

Há pouco tempo mudei de casa e estivemos longe uma da outra por mais tempo desde estes cerca de 10 anos de relação. Agora vejo que é uma relação. Vieste conhecer o meu novo lar, o meu novo amor, as minhas novas ambições. Adoraste estar aqui e eu também estava feliz, até que me comecei a sentir mal. Foste embora e já não trocavas ideias comigo mas com o meu novo amor. Alto! O que se passou afinal?
Já vivi algo parecido... Será que por amor te integras no casal sem pedir licença, principalmente a mim. Só porque te tenho carinho? O que pensas que sinto?

Percebi que afinal sempre existiu uma guerra silenciosa com pintura de calma. Uma guerra fria, pelos recursos do prazer, do calor, da atenção, do colo. Recebi muito, eu sei, muitas vezes, mas a que preço?

Agora que abri os olhos escolhi o meu novo amor e tenho de te dizer adeus. No fundo tenho feito o papel de ponte para quem quiser entrar no universo que vou construindo, mas eu, afinal de contas, construí-o com outro propósito: viver nele e ser nutrida nele. Assim não sobra nada para mim. Por isso: ADEUS.

A tua,

Bhakti

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Querido Saulo,

Foste a pessoa que mais me fez feliz e tenho o meu coração e memória presos a todos os bons momentos que passámos. Sei que não és perfeito mas para mim foste o que necessitava sem tirar nem pôr. É por esta razão que te escrevo: quero que me libertes de ti, não porque me tenhas feito mal e necessito continuar, mas porque me fizeste bem e agora tenho que viver o momento presente. O passado é controlável, já passou e não se muda, mas podemos tocá-lo na nossa memória vezes e vezes sem conta. Quando algo correu bem podemos sempre resaboreá-lo. Contudo, sinto que me estou a afastar do aqui e agora. Tu sempre me disseste para continuar, para namorar nesta vida e ser feliz, mas dentro de mim algo ficou bem perto de ti e da casa que partilhámos que já nem sequer existe como tua. Tudo mudou e eu fiquei agarrada ao passado. É isto que não me está a ajudar. Eu sinto que se te deixar de amar interiormente estou a trair-me a mim mesma. Assim, vou acumulando amores e desamores e não limpo a minha casa. Na verdade, uma das coisas que me fez melhor no nosso encontro foi ter deixado o passado para trás por ser por demais doloroso e por isso estava totalmente disponível para receber. Agora necessito de libertar-me do que foi muito prazeroso pois também  me está a quebrar o fluir da vida. Honro a tua memória-síntese mas necessito libertar-me das nossas aventuras e desventuras concretas. Deixo aqui a minha intenção e propósito para o fim de uma relação interior profícua e bela mas que também necessita de um fim. O fim que nos dará ainda mais vida: morte-vida-morte-vida-morte-vida-morte...

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Espírito de Natal

está em nós!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A noite é minha cumplice

Com uma mão apago o sol
Com a esquerda elevo a lua e espero por ti. .
Pés azuis fogem-me ao teu encontro,
Saltitantes numa brincadeira de menino.
Não me pertencem.
(por vezes penso que são guardiões de uma lição que desconheço)
Só desconfio.

Sei-te acabado.
Sei-me também.
Mas há esse tal lugar onde sempre fizemos sentido.
Sempre.
Tremo ante a luz branca dessa certeza.
Ante o teu olhar morno.

Desenrola-se o púrpura e brilham todos os olhos de deus...
Todos.
A noite é minha cúmplice.
Amanhã, quando o sol nascer,deus dorme e volto a perder-te.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

"Don´t get upset, get even."

Kennedy

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

a carta


“ Nascido em todos os sítios onde poiso os olhos…”

Não, nada disso.
Nada de poemas velhos gastos repetitivos.
Como eu.
Hoje nada falo de mim
Só de ti.

Hoje só te digo que rendo-me.
Rendi-me ontem á tua espera.
Algum dia haveria de entrar na normalidade dos que amam.
Amo-te e dói escreve-lo.
Mais do que dize-lo.

Há qualquer coisa de determinista na escrita.
Escreves algo e é sempre para sempre.
Mesmo que no fim rasgues o papel.

Amo-te absoluta, impossível e fatalmente.

E ouço feito adolescente ridícula uma música adolescente ridícula

Para me lembrar de ti.
Porque lembrar-me de ti é lembrar que não consigo esquecer-te.

E ouço a musica subir, descer e pairar sobre mim
Acústica da alma que quer ser devorada.
Acústica da alma que quer ser queimada na fogueira.
Dor, tão deliciosamente insuportável
De amar sem sequência nem expectativa de contrapartida.
Amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos.

No meu caso: TU.


Encontrei em ti, menino mais lindo do mundo
Não um reflexo meu, o que seria pobre,
Mas uma ressonância da minha própria alma.
O nosso encontro despertou o eco dessa mesma ressonância até agora minha desconhecida
Agora que te perdi
Ela vibra com mais intensidade como que para me lembrar …
como que para me lembrar.

Revi-te no que vi em ti.
Revi-me no teu amor por mim.
Já nem me lembrava de como eu era.
De como sempre fui.
Em ti e contigo nunca deixei de ser a menina que sempre quis ser.

Não percebes porque disse as barbaridades que disse?
Ainda não percebeste que, na personagem que de mim enceno
Não cabe a ameaça de uma derrota
A ameaça de ser mais uma
De ser banal
O nosso amor não pode ser banal
A antecipação de um desencanto atrofia-me o âmago


Digo barbaridades para não saberes que o que te digo é apenas a forma contida
De te dizer outra coisa
Outra coisa maior que tudo
Mas essa coisa não é do teu mundo
Nem do mundo que construí
Nem do mundo frágil que construímos
Quando nos amamos
Sem pressa e sem deus algum

Tudo isto é literário
Letras palavras frases escorridas
Que queres?
Os livros, palavras as letras
os papelinhos de namorados
Voam entre nós os dois
Como se vida própria tivessem
Como se fizessem parte das energias que trocamos
Isso tudo é o melhor de mim
E é o melhor de mim que vive dentro da minha cabeça quando estou contigo.

Agora afastamo-nos
Beijo-te a correr só para te sentir
Não sei se reparaste
Não te beijo assim por teima ou despeito
Beijo-te a correr
Preciso abraçar-te
Por desequilíbrio químico do meu corpo
Quero e preciso sentir-te em todos os meus pontos
Quero e preciso que entres por todos os lados cantos e me tomes.

Mas por vezes também fujo-te
Fujo-te como ontem te fugi
Sair de ao pé de ti
É regressar ao que não és tu
Sobra-me um eco de cada palavra e pensamento meu

E isso meu amor, transformou-se no insuportável intervalo entre dois encontros.

Eu não amo a ideia de amar-te, mas a ideia de perder-me no meu amor por ti.

Na ternura e luxúria que te tenho em cada poro do meu ser.

Esta carta é sem duvida um excesso.
Excesso tal como a dor que me rasga por dentro
de já te ter aceite como fora da minha vida.
Ontem rendi-me.
Hoje rendo-me ainda mais.
À noite os sentimentos rastejam pelo quarto em agonia.
Esta noite rastejaram do meu lado da cama que agora é só tua.

Hoje enquanto o dia clareava clareei com ele
Clareei que te perdi faz muito
Te perdi desde que me neguei á realidade.

Por isso, a realidade aqui, agora, é como uma dor difusa
Um incómodo não localizado
Que se vai definindo e acertando
Até que insuportavelmente nítida
A sua imagem se nos impõe
Como evidência…
Tu sabes como é
Aliás tu sabes tudo de mim
Tu sabes sempre
Porque tu meu amor
És o melhor de mim.
A minha dor é que comecei a amar-te, sem o saber
Durante aquele breve período
Em que duvidava se estarias a troçar de mim ou eu é que percebia mal as tuas intenções
Mas havia no teu olhar sempre a promessa reconfortante
De que podia ser possível este amor.

Agora tenho a vida (a interior principalmente) do avesso
E é verdade, cada vez mais verdade, que quando penso no que me falta fazer na vida
É em ti que penso.
Em todos os meus sonhos
Olho para o lado e é a ti que vejo.

E tenho medo.
Tenho medo como um animal que instintivamente foge
do que sabe que não pode atingir.

Eu penso em ti, ainda mais do que digo pensar
E tu estás em tudo
Mesmo quando não te penso
Tu és a grande razão
O horizonte sem nome que constantemente se desenha na minha imaginação de mim.

Neste nosso momento
Este que vivemos
Talvez esta carta seja nada mais do que um episódio ridículo
E desnecessário para ti.
Saber que poderia ter sido tua para todo o tempo
Faz-me amar-te mesmo te tendo perdido
Ter todo o tempo é que é amar
Amando seremos eternos meu amor.
Pouco a pouco
Sei que com o tempo passarei a ser mais uma dessas tuas incongruências,
Esquecida entre datas e factos relevantes
Pouco a pouco como azeite entre os dedos
E isso é sem duvida uma agonia e embaraço para mim.

É-te incómoda esta carta e isso bastaria que me abstivesse de a entregar
Neste papel banal e branco.
Banal como me sinto a rastejar por algo que deliberadamente perdi.
Mas o branco fica-te tão bem
E as cores todas ficam em ti como tu ficas no meu mundo
Exactamente bem.

Esta carta é sem dúvida um acto de egoísmo
Acaba por ser como se não tivesse remetente
Por isso não a assino
Pois talvez quem ta deveria enviar seria alguém que ainda amasses.

Mas como já te disse, essa que já não amas,
Talvez precisamente por isso,
Não existe mais.


Talvez esta carta tenha sido escrita por alguém que talvez um dia venhas a amar.
Talvez.
Talvez não.

Dou-te tudo: até a hipótese de não ter sido escrita por mim,
alguém que te chorou toda a noite por te saber perdido.


Para sempre tua
Para sempre
O que fomos ninguém nos tira.


Adeus





Excerto de "Amor" de Antonio Mega Ferreira plagiado, adulterado e filtrado por mim.
pag. 26 e 27

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

já já

Quando dou por mim
estou a pasmar no céu azul vasto
neste desaguar das montanhas no mar imenso

Quando dou por mim
estou a trautear duas palavras
da musica lamechas que puseste logo de manha

Quando dou por mim
tenho os olhos marejados
do olhar que me deste por cima da chávena de café
rompeste-me o âmago, as tripas e a alma
por me sentir amada
e de se calhar,
só se calhar
tu me teres assim
como eu te tenho

Quando dou por mim
Sou tudo o que nunca pensei ser
e nunca fui tão autentica
tão clara
tão plena

Quando dou por mim
penso até quando me vou assim sentir
sabendo que ou eu ou tu
já já puxamos o tapete a tudo que aqui escrevo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

cold cold heart

I tried so hard my dear to show
That you`re my every dream
Yet you`re afraid each thing I do
Its just some evil scheme

A memory from your lonesome past
Keeps us so far apart
Why can`t I free your doubtful mind
And melt your cold cold heart?

Another love before my time
Made your heart sad and blue
And so my heart is paying now
For things I didnt do

In anger unkind words are said
That make teardrops start
Why can`t I free your dubtful mind
and melt your cold cold heart....

Cold cold heart- Norah Jones

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

all over again

Nem foi preciso te ter perdido duas vezes para saber que "à terceira è de vez..."
Essa frase rebatidissima que milhares de vezes ouvimos pela vida fora.
Ando a espectadora da minha vida, e vejo-me a apostar num jogo de sorte o que tenho de melhor...
E nao...nao ès tu.
Mas a mulher que por ti se apaixonou.
 terceira meu caro, perco o que tenho de mais valioso, a minha capacidade de amar.
Nao è dramatismo, nem exagero...it`s a fucking fact...
Agora passiemos juntos por estas paragens, sentemo-nos lado a lado como disseste, amemo-nos e...deixemo-nos de merdas...nao deve ser assim tao dificil...acordamos,tomamos cafe, vamos trabalhar pro salario,voltamos ao fim do dia, namoramos atè à hora do jantar...vinhozinho...charrinho (sò para mim eu sei...)...acordamos no dia seguinte e tudo all over again...
È so eu deixar de querer que sejas como eu quero, e tu...que me queiras assim, dramatica,descompensada e tagarela...
beijos lover of mine.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

Nada como entrar no ano novo sentindo-me miseràvel
è a confirmaçao maxima que quer queira, quer nao
o proximo ano serà melhor.
pior tambem nao fica.

"nascida em todos os sitios
onde o sol esqueceu-se de bater
hoje sou a mais triste das mulheres."

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Da crueldade absoluta da lucidez de um dia limpo e estéril.

E quando falar cansa mais que interessa?
E quando se procura um refúgio que não há para um olhar que se desvia?
E quando se investe para que o ar saia formando sons e não se sabe se o fôlego chegará até ao fim?
E quando tem de se provar que se está bem, mantendo um entusiasmo na voz que não nos pertence?
E quando tudo o que se tem não basta nem mesmo quando se pensa que tanta gente daria tudo para tê-lo?
E quando as coisas simplesmente não nos interessam por mais interessantes que sejam, por mais que se abram os olhos e se incline o corpo como que a dizer "sim, estou mesmo aqui, estou mesmo interessado no que me contas"?
E quando a insatisfação é uma coisa que se agarra? Quando é quase mais um braço?
E quando o sangue percorre caminhos que sabe de cor e na escuridão dos momentos acumulados pára exactamente onde se sabia que pararia e se transforma em tudo o que não se quer pensar?
E quando se sente que nos sentem diferentes e se faz um esforço para que seja para melhor?
E quando já não se sabe mais o que será melhor?
E quando erros que já pensávamos ultrapassados nos acenam do fundo da sala e se finge não se ter reparado?
E quando já nem é tristeza que se identifica mas resignação?

E quando se fazem as coisas na esperança de voltar a sentir o que já uma vez se sentiu e o resultado é uma cópia já muito gasta daquilo que já uma vez foi?
E quando se duvida sobre se alguém alguma vez fará as perguntas certas?
E quando se contam mais uma vez as mesmas estórias evitando-se assim surpresas?
E quando se faz o que sempre se quis e ainda não é bem aquilo?
E quando até o ar nos queima?
E quando é preciso arrumar a cara para que corresponda ao que se acabou de saber?
E quando o cansaço provocado por tudo isto já é muito pouco suportável?
E quando os outros são paredes onde se esbarra quando se tenta agarrar qualquer coisa mais dentro?

sábado, 25 de outubro de 2008

M.S.

hoje sou a réstia, o corpo e a ameaça
o rasto de luz que fica da estrela cadente
sou estrela ascendente

hoje sou a moedinha encontrada
moedinha que deixas no fundo da carteira para dar sorte

hoje sou a primeira a cortar a meta
mas sou a que mais disfrutou da viagem

hoje sou um bando de passaros
um bando enorme de passaros brancos amarelos verdes azuis e laranjas
passeio pelo céu tão meu
hoje eu sou esse céu

hoje sou a água dos potes levados ás aldeias remotas
sou os barcos todos
pelos mares e rios
e desaguo nas avenidas praças e campos de milho

sou tudo a pulsar ao mesmo tempo

Hoje sou amada por ti
Como nunca fui e nunca serei

Hoje sou mulher
Gero um filho que me ofereceste
Ofereceste sim

Oferenda és tu meu amor
pa meu

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

sábado, 9 de agosto de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dos guilty pleasures

Pensar em alguém que pertence ao passado mas que em determinado momento desempenhou um papel fundamental na nossa vida envolve doses iguais de dor e prazer. É essa a razão pela qual persistimos em deixar o pensamento resvalar para aquela memória toda especial que sabemos que nos vai fazer estremecer, por nos tocar num lugar que só o requinte do detalhe da memória possibilita.

Há sempre aquele momento que acontece depois de relembrarmos as coisas mais superficiais e (aparentemente) não tão importantes que nos faz reviver com a força de um momento presente um conjunto de sensações que temos a certeza não serem muito produtivas para as horas que se seguem mas que mesmo assim nos damos ao luxo de as reviver uma outra vez.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Do verbo gostar

Nunca, mas nunca, vou entender a forma como conjugas o verbo GOSTAR. Como o dizes dentro de ti quando o sujeito sou eu.
Não, não me digas que és "assim" com os "outros". Dá-me vontade de vomitar quando me dizes isso! E juro-te que não é um exagero poético. Tenho mesmo vómitos!

E tu sabes que se eu fizer muito esforço, talvez consiga entender. Aceitar esse teu gostar. A verdade é que não quero; não posso.

Se te permitir gostar assim de mim, sou eu quem deixa de gostar de ti!