sábado, 21 de junho de 2008

quinta-feira, 19 de junho de 2008

passagem

"Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer,
a enjoar,
a cortar,
a roçar,
a ranger,
A dar vontade de dar gritos,
de dar pulos,
de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos,
e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso, Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida. "

trecho de Passagem das Horas - Alvaro de Campos

sábado, 14 de junho de 2008

If you try the best you can*

No mesmo dia em que se completaram dois meses da minha chegada a Barcelona assisti a um concerto único e memorável de Radiohead. Ainda por cima, tive direito a entrada gratuita. Apenas no próprio dia me dei conta de que faziam dois meses que estou por cá e inevitavelmente encontrei em tudo isto uma oportunidade de celebração! Minha, muito minha...
Não me preocupei em fazer balanços, mas a verdade é que ver-me fora dos cenários e das desculpas habituais tem feito com que eu esteja mais perto de mim mesma e em consequência, mais perto do mundo e do contacto com os outros. É incrível sentir a quantidade de coisas que tenho para dar e a enorme capacidade que tenho para receber. E há dias em que este sentir me dá uma imensa e serena felicidade.
Há momentos em que me sinto esmagada pelo cansaço, em que me apetece voltar à redoma, ao meu quarto e às paredes que facilmente crio à minha volta. Mas a luta comigo própria, conciliada com uma certa capacidade de me perdoar (e não desresponsabilizar) têm-me feito estar por cá...e sentir que "the best you can is good enough" **.



* ** Optimistic, Radiohead

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Onde está a nossa face?

Tenho sempre esperança e por isso acredito que amanhã algo melhorará. Aspiro a algo novo, nutritivo, que me transforme a vida em algo ainda mais belo e flexível. A flexibilidade contém a rigidez mas o contrário não é verdade. Uns meses parece que um travão oculto pára tudo o que está para acontecer, tudo o que depois de 9 meses quer ser dado à luz, noutros meses a vida mexe-se a meio gás, e noutras alturas tudo acontece em catadupa.

Será querer controlar, desejar que o equilíbrio seja maior? Será mania da dominação desejar fluir mais num ritmo um pouco mais lógico, arrisco a dizer natural.

Onde é que estão as fases da vida, os rituais de passagem, as aventuras dadoras de talentos? Onde está isso tudo numa sociedade que nos presenteia com quilogramas de informação para digerirmos durante toda a vida, às vezes, sem nos movimentarmos, às vezes sem construirmos algo simples que seja que transmita a nossa face?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Magia

E quando encontras a solução para a tua vida mas não te entendem?
Como guardar para nós a descoberta? É isso natural?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

És mais belo que o relinchar de um potro na montanha.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A primeira pessoa a entrar em contacto depois do sexo é sempre a que se fode forte e feio?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Continuo a deixar acontecer pouquíssima intimidade. Os outros, salvo raras excepções, como paredes inultrapassáveis com quem não consigo comunicar a um nível que me satisfaça plenamente. Cansaço a minar-me o corpo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

E quando tudo parece adormecer?

Fala-se muito do poder da consciência. Mas que dizer quando o corpo está cansado, a mente tem rédea solta e em vez de pensar rumina? Quando as relações mostram o seu lado automático e dizemos coisas por dizer. Não seria melhor adormecer?

Adormecer é dar ritmo ao vivido, é a pausa na melodia, a estátua do movimento, a beleza sintetizada.

Eu reinvidico o direito a adormecer em tranquilidade e com a mesma dignidade do estado de vigília! Afinal é só outro estado da consciência, quem sabe bem mais inteligente...

Sinto actividade, som, queixas, cheiros, movimentos, teorias, crenças, lições, análises... E o caos apodera-se de mim. Só no sono o caos é suave no final, mesmo que acordemos em sobressalto - no final tudo está bem. Habitamos um corpo e ele habita-nos dando-nos o seu calor.

É pena ainda não terem inventado um modo de esse calor ser a nossa forma de auto-sustento pois procurando sem fim o dinheiro tornamo-nos gelados ou simplesmente explosivos quase a estoirar...

Dizem-nos que as respostas estão todas em nós que temos o(s) universo(s) dentro, mas olhamos à volta e se necessidades não estão satisfeitas tudo isso parece uma anedota diabólica, tudo nos faz querer mais e o desespero - mesmo com a sua maldita beleza - no mínimo faz-nos adormecer e no máximo enlouquecer.

Digo isto não porque me sinta uma deusa, uma rainha nem uma órfã ou pobrezinha mas porque a tranquilidade não me vem ainda naturalmente... Mas continuo a esperá-la,em forma de paradoxo: ansiosamente...