domingo, 13 de janeiro de 2008

Sempre disseste que gostarias de ler algo que eu escrevesse.
Pois decidi escrever algo para ti e garanto-te que isto é que nunca vais ler.
Sempre caminhei em ti como em terra incerta.
Por entre chuviscos, sobressaltos.Busquei-te. Busquei-nos, emaranhada nas nossas solidões. Sei-te hoje lama de mim.
Sim! Não quis abandonar-me da chuva intermitente que sempre foste e estou agora alagada de ti.
Sim,sim,já sei...é a mim que devo procurar.Tu estás bem, tu és feliz.Dizes-me.
Agora, assim tão de repente, é que decides ser afirmativo?
Pois eu não quero saber se estás bem sem mim.Não quero mesmo...Faz até bandeira disso, mas não a queiras hastear na minha janela.Pode ser?!Podes pelo menos ser só sensível a este meu pedido?Tu, que não me queres socorrer.

Dizes que não vais voltar a "perder tempo" a ter conversas que não nos levam a lado nenhum.Pois, quanto a mim, dou-te o luxo de não saberes, que também tu me estilhaçaste o tempo em soluços, em revirares de almofada.
Tenho ensaiado repetidamente "voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a
metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração." Ora toma lá...É a Carlos de Oliveira a referência.Tu que dizias sempre que eu te dei tanto a conhecer.Os quadros e as palavras, os poemas.Por momentos quis,sim, pegar fogo em ti.Nunca soube se o fiz por ti ou por mim.
Cheguei a salpicar-te com o melhor de mim. Também com o pior.Sim, temos um pior e apesar disso...Por isso, devemos ficar! Mas diz-me, o que pesou mais nesta fuga que vamos desenhando?

Não penses que apenas porque sou mais ensaiada nestas coisas das palavras, me seja mais fácil rematar NÓS.
Quis falar...quis sempre falar.Eu e as palavras, eu e as palavras.As que fazem barulho, as que constróem silêncios. E as outras.
Fizemos barulho...muito, por vezes pouco.
E agora, somos caídos neste barulho silencioso, de lama feito!
Mas eu não vou querer mais falar.Está descansado. Só vou poder voltar a falar-te, talvez, quando eu me quiser ouvir.

Para que saibas,não te vou pedir licença para estar triste.
Mas vou fazer questão de ora em diante não mais te dar a conhecer o mapa,tantas vezes turvo, do meu caminhar.
E vou deixar o sol entrar, vou!Por mim.E quando me arejar de ti, vou fazer questão de que o não saibas.

E que faço eu agora com todas estas palavras soltas que vou escrevinhando para ti, sem ti?

Estas palavras.Só comigo.

4 comentários:

Su Duarte disse...

bo ta escrevê prop sabe,suave e maguod.
www.toupraver.blogspot.com/acarta
beijos e obrigada pelo teu coment.

Queen Frog disse...

;)Já lá tinha ido ler "a carta" e tb o "Mais".
Na altura até comentei com o johnnyboy como me tocaram.
Beijinhos

Queen Frog disse...

E esqueci o essencial.Uau, que maravilha, um coment em crioulo:)

Cristal disse...

Adorei a idea de desligar de alguém como fazer questão de não mais dar a conhecer o mapa do nosso caminhar.

Obrigada pela ideia.