domingo, 20 de janeiro de 2008

Meu Che,


Amanhã é o teu aniversário.

Talvez seja por isso que hoje acontece em mim este aperto imenso.
Um aperto dentro, bem dentro, do lado esquerdo da saudade que hoje sou.
Penso no tempo de Nós.No tempo madrugada de tantas descobertas. No tempo saliva.
E ando todo o dia com dores imensas no corpo.Dói-me este tempo ausência.
Quero tanto ligar-te. Quero ouvir a tua voz e o cheiro do teu riso.
Dizer-te, sem te dizer, que tenho saudades da pessoa de ti.
Que quero estar contigo,conversar. Ouvir todas as razões. Quem sabe, apenas, estar.
Talvez não possas mais.Sei-te com outra pessoa.

Os nossos adeuses foram sempre tão trapalhões.
Nunca queríamos partir um do outro.
Depois, foste tu que quiseste partir. E eu ali, na estação, repetidamente vestida de ilusões para te esperar.
E tu não vieste sempre.
Até que deixaste de vir.
E agora são os teus aniversários sem mim.

E escrevo-te hoje, porque sempre nos escrevemos no passado.
As palavras imensas de paixão imensa.

Mas tenho medo de não me aguentar, se me atenderes o telemóvel.
De desmaiar em palavras. E depois penso...E se não me atendes...?
Pelo menos aqui, escrevo e apago.E talvez nem sequer vás abrir esta carta.
Eu entendo.
Um dia perguntaste-me se eu acreditava que fomos feitos um para o outro? - Lembras-te?
Que faço eu agora com a resposta que te dei?!


Se te ligar, atendes-me?



Hasta siempre.
1,
2,
pica e meia,
3.

A tua...(tu sabes)

1 comentário:

Cristal disse...

A mim dói-me o lado do esquerdo do corpo diariamente,não só o coração mas tudo, desde a orelha esquerda ao pé esquerdo, só o exercício físico e a respiração e a beleza dissipam por momentos essa memória de perda, essa memória de perdas. Talvez seja o cérebro emocional a fazer a sua manifestação.

No entanto, penso que ser assim também me torna mais consciente, e dia-a-dia o meu corpo e eu somos um, conversando... Até, imagino eu, não ser mais necessária a conversa e passarmos a viver em calmia e segurança.