terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Finalmente a resposta!
A excitação de um mail teu a antecipar um pedido de desculpas, um convite para qualquer coisa ou só para repararmos o que a distância provocou.
Nada disso...

O entusiasmo que esmoreceu entretanto, vai fazendo o seu trabalho de me cerrar quer os olhos quer o maxilar.
Desconforto a instalar-se com a antevisão de um texto que não vai ser bom para o meu coração, que de tanto bater não pára, como no filme, apenas bate, tantas vezes para nada, como na canção.

A roda do rato mostra-me mais um pouco de texto. Consigo até vislumbrar a silhueta das palavras lá para o fim mas faço um esforço para me concentrar na parte que estou a ler, como num filme que se viu já vinte vezes e se finge que se desconhece o final.
Surge a possibilidade de sermos amigos, com ela algumas náuseas e recordo que já tive esta
conversa mas estava do outro lado e apenas aconselhava um amigo a, pelo menos, ser amigo, assim poderia vê-la mesmo que não lhe tocasse. Tudo tão simples nos conselhos, quase pueril. Connosco todos os nossos, supostamente sábios, conselhos se revelam inúteis, ridículos mesmo.

Tempo agora de me penitenciar, tentando, exaustivamente, encontrar todos os detalhes onde possa ter falhado, onde estive menos bem, onde coloquei indevidamente uma qualquer palavra. Lembro-me de tudo! Chego a sorrir por ter acontecido (ahh a alegria dos clichés..).

Passado que está agora algum tempo, decidi parar de te esquecer. Decidi abraçar esta manhã que me submerge de cada vez que me lembro de ti, quase como uma parte do teu corpo que nunca abracei, a derradeira forma de contacto com alguma coisa tua. Tem sido útil até. Nenhum filme, música ou conversa com alguém (às vezes qualquer beijo de novela!) foram os mesmos depois do que aconteceu. Tudo mais rapidamente emocionante. Não raras vezes apercebo-me que me encontro no modo lágrima fácil e isso sempre é melhor que passar pelas coisas sem lhes tocar, sem sair tocado, impedido pela barreira do tédio, da indiferença.

Acima de tudo não te censuro. Percebo-te até. Também eu me desliguei da mesma forma de algumas pessoas no passado e penso tanto nelas como tu pensas em mim agora.
Só nunca me tinha doído tanto.
Até um dia.

"...
Vai, vai, vai amar
vai, vai, vai, vai sofrer
vai, vai, vai, vai chorar
vai, vai, vai

Não vou, que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor..."

3 comentários:

Su Duarte disse...

precisamente where I stand neste momento... á espera de uma resposta...
A ansiedade de saber o que vem linhas abaixo no mail....tentando não espreitar....
desistir de tentar esquecer....
tão bonitinho Johnnyboy.......tão bonitinho...
Olha,doer dói sempre...nem que seja de felicidade...alias felecidade hihihihihi
beijossssssssssssssssss

Queen Frog disse...

"Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém".
E por sabê-lo, caímos tantas vezes desamparados,no "canto de Ossanha traidor".
Porque damos barco e mar.E de repente,somos seres que naufragam,por ver alguém partir do barco que somos nós.
Fica a "manhã que (me) submerge".
Porque é feita, agora, dos corpos que abraçámos na manhã de ontem.
E assim navegamos no mar de nós "pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor...".
Porque sabemos, que "Quem de dentro de si não sai..."

Bem fundo.*

Anónimo disse...

Lindo! senti cada palavra